Instituto Pensar - Progressistas devem se preocupar com Lira na presidência da Câmara. Aqui vão alguns motivos

Progressistas devem se preocupar com Lira na presidência da Câmara. Aqui vão alguns motivos

por: Paulo Loiola


Arthur Lira, ao centro, celebra vitória na eleição da Câmara ? (Foto: Joédson Alves / EFE)

Fiz uma breve análise sobre a vitória de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos deputados.

Já adianto que temos com o que nos preocupar, sobretudo com projetos de lei polêmicos ligados à pauta de costumes que devem aparecer.

Cola aí:

Compra de votos e oposição desunida

Não dá para desprezar o poder da máquina pública. A negociação de votos via emendas parlamentares teve um enorme peso para derrota da frente ampla encabeçada por Baleia Rossi (MDB-SP). Aliado a isso, houve também uma pulverização dos partidos de oposição à candidatura de Lira, com destaque ao Psol e ao Novo.

As siglas poderiam ter mobilizado a opinião pública em direção a um nome mais viável, mas preferiram destacar seus próprios concorrentes. 

Baleia Rossi e Arthur Lira não são equivalentes

Tem gente afirmando que Baleia e Lira são a mesma coisa e que defendem os mesmos interesses. Não são. Os próximos dois anos nos lembrarão isso de maneira dolorosa.

Aliás, parte de uma militância mais radical vem tentando minar uma iniciativa de frente ampla que pode nos tirar deste buraco na próxima eleição presidencial. Um dos argumentos é que houve uma traição de parte da base indo em direção a Lira e que devemos ser menos pragmáticos, não se alinhando com outros partidos.

Minha posição é justamente o contrário, deveríamos ter sido muito mais pragmáticos nesse momento. Como? Ter negociado comissões e ter jogado para ganhar. Uma casa estratégica como a Câmara demanda entender algumas regras. Política institucional não é DCE. E mesmo com muita simpatia por Luiza Erundina (PSOL-SP), não vejo a menor possibilidade de um projeto socialista organizar nosso campo nos dias atuais.

Pauta de costumes

Projetos conservadores de Bolsonaro, Damares e cia devem ser postos em votação. Podemos esperar menor controle da política de armas, mais privatizações e maior apoio a igrejas. Até mesmo temas polêmicos e caros à esquerda, como diminuição da maioridade penal, podem vir à tona.

Câmara subserviente ao Executivo

A Folha pontua o "provável enfraquecimento do contrapeso legislativo vai requerer de outras instâncias de controle, em especial do STF?. Concordo. Incluiria aí ainda mais observação da sociedade civil organizada, que vai ficar sobrecarregada durante os próximos dois anos sem o equilíbrio da Câmara.

Tchau, impeachment

Apesar de Lira falar em independência com o Executivo, a boa relação com Bolsonaro, ao que tudo indica, mina as chances de abertura de impeachment.

Pragmatismo faz bem à esquerda e a todos os progressistas

Exemplos de como a esquerda conquistou grande vitórias sendo pragmática e menos ideológica no ponto de vista purista: inserção de pobres no ensino superior via ProUni, Fies e política de cotas, além da criação e manutenção do Bolsa Família.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) jamais teria ganho o destaque que ganhou sem ocupar a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ a partir de 2009 ? o que não foi feito com post combativo nas mídias sociais, mas sim com negociação política.

2022 é logo ali. Bolsonaro já começou, e bem, a campanha de reeleição.

* Por Paulo Loiola, Estrategista político e sócio-fundador da BaseLab




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